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OLÁ! EU SOU A SILVANA

Consultoria, Mentoria e Capacitação de Professores

Trago uma experiência de mais de 20 anos formando professores para melhoria da aprendizagem através de metodologias ativas com base em pesquisas. 

PhD e Mestre em Educação pelo King’s College, Universidade de Londres, trabalhei com integração de tecnologia no ensino e coaching de ensino-aprendizagem.

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3 Abordagens para Ensinar Seus Estudantes A Fazer (BOAS) PERGUNTAS

Conhecer listas de prompts para IAs generativas, como o ChatGPT ou Gemini, já resolve o problema da qualidade de uma investigação ou pesquisa? É possível implementar metodologias ativas de sucesso se os estudantes esperam receber perguntas prontas para conseguir pesquisar, investigar ou explorar? É possível aprender de forma aprofundada e duradoura sem fazer perguntas que sejam relevantes para si mesmo(a) e para o problema em questão?

A chegada de “inteligências” que oferecem todo tipo de resposta, como o ChatGPT ou Gemini, ficou ainda mais relevante saber fazer boas perguntas. Conhecer listas de prompts pode ser útil para saber o que a IA consegue fazer, mas ainda assim precisamos saber o que desejamos realmente saber para sermos capazes de9 “afunilar” nossa sequência de perguntas em direção ao que importa. 

Perguntas são o elemento de conexão entre aquilo que sabemos e aquilo que não sabemos. São estas conexões que permitem uma aprendizagem sólida e de longo prazo. Mas fazer perguntas é algo que precisa ser ensina e pode ser aprendido. Para ensinar os estudantes a fazer “boas” perguntas, começamos sendo modelo. Primeiro mostramos como são ou foram nossas perguntas para aprender aquele tópico: isto se chama “pensar alto”, ou seja, tornar nosso pensamento de especialista visível para os(as) alunos(as). Depois provocamos os estudantes com uma problematização de um tema, para instigar suas próprias perguntas. 

Já nos fizemos inúmeras perguntas durante a nossa própria trajetória de aprendizagem, mas na maior parte da vezes ensinamos nossos estudantes sem tornar nossos questionamentos visíveis. Ou esperamos que os estudantes façam perguntas sem que antes haja uma problematização do tema. Essa é uma tendência natural e bastante comum no ensino tradicional, principalmente porque existe uma pressão de tempo para cobrir um conteúdo excessivo.

Neste artigo eu trago três abordagens para ensinar os estudantes a fazerem boas perguntas. Todas as abordagens são importantes e não excludentes, mas cada uma mostra um aspecto desta habilidade.

Perguntas sobre a própria aprendizagem 

As perguntas sobre a própria aprendizagem são que chamamos de metacognição. Elas são uma maneira de pensarmos sobre o nosso pensamento, ou nos tornarmos mais conscientes do nosso processo de pensar e aprender, tomando decisões em nosso benefício. As perguntas metacognitivas são fundamentais para estimular a autonomia do aprendiz e ensiná-lo(a) a aprender por toda a vida – “lifelong learning”.

Sendo assim, a autonomia no processo de aprendizagem acontece quando é guiada por perguntas sobre o próprio processo de aprendizagem. O professor(a) pode ir até certo ponto, oferecendo uma experiência de aprendizagem ativa, porém o estudante precisa saber se autoregular para que a aprendizagem seja de fato significativa e mais duradoura. As perguntas metacognitivas servem como elemento de conexão entre o que já sabemos e o que estamos aprendendo, entre nossos próprios interesses e a proposta de ensino oferecida, e entre as diversas informações chegando pela primeira vez. Tudo isso favorece a efetiva construção de memórias de longo prazo.

A boa notícia é que o hábito de fazer perguntas metacognitivas pode ser ensinado e desenvolvido com a prática. Primeiro, o(a) professor(a)  precisa servir de modelo, fazendo perguntas aos estudantes que forçam uma reflexão sobre o próprio pensamento, além de demonstrar como responder este tipo de pergunta. Aos poucos, o professor(a) vai pedindo aos alunos(as) para que estes articulem suas próprias perguntas metacognitivas e ajudem uns aos outros nesse processo. Como resultado, todo aluno / aprendiz deve desenvolver o hábito de fazer algumas perguntas metacognitivas básicas do tipo:

  • Porque é importante aprender isso?
  • O que eu já sei a respeito deste tema?
  • O que eu preciso saber ou fazer ?
  • Que estratégias eu posso usar para encontrar respostas ?
  • Qual é o meu desafio ?
  • Como posso usar isso na vida real?

Estas são as perguntas que os estudantes devem aprender a fazer de forma rotineira. Mas durante o processo de aprender a fazer perguntas metacognitivas, o(a) professor(a) é quem faz as perguntas: “Porque você acha que é importante aprender isso? O que você já sabe sobre este tema? … etc”. Estas se tornam perguntas oferecidas como parte do feedback aos estudantes, ajudando-os no processo de pensar por si mesmos e elaborar as próprias respostas.

Perguntas em “várias direções”

Podemos pensar no cérebro como um “músculo” que precisa ser exercitado, e aprender a fazer (boas) perguntas é como usar um elástico para movimentar o cérebro em diversas direções. Essa é uma metáfora simples para entender esta estratégia de elaboração de perguntas que vem da tradição de aprendizagem baseada em projetos ou problemas. 

Quando nos deparamos com um problema, uma pesquisa, uma investigação, precisamos primeiro fazer um “brainstorming” de perguntas envolvendo “O quê?”, “Como?”, “Quando?”, “Onde” e “Porquê?. E começar respondendo estas perguntas em nossa investigação. Vamos lembrar que “brainstorming” significa uma “tempestade de ideias”:

BRAINSTORMING DE PERGUNTAS: Não é preciso formular perguntas perfeitas. O importante é gerar uma profusão de idéias e depois organizá-las. Uma boa pergunta geradora elaborada pelo professor(a) estimula o brainstorming dos estudantes (pergunta geradora introduz um desafio através de um problema ou uma temática interessante). Nesse ponto vale garantir que todo tipo de pergunta apareça, sem censura: sobre o quê, como, por quê, quando, onde, etc. 

Uma segunda estratégia ajuda a ampliar ou focar as perguntas e ocupar os “espaços vazios” da investigação:

PERGUNTAS ABERTAS ou FECHADAS: Depois do brainstorming é importante ajudar os estudantes a identificar quais das suas perguntas são abertas (muito gerais) e quais das suas perguntas são fechadas (bem específicas, com contexto). Pedir para que os estudantes transformem uma pergunta aberta em fechada e vice-versa, treina o foco. 

Veja como é fundamental gerar um grande número de perguntas antes de decidir quais são as perguntas mais eficazes para uma investigação:

PRIORIDADE DE PERGUNTAS: Com a lista de perguntas geradas através do brainstorming e do exercício de perguntas abertas e fechadas, é feita uma priorização: o que é mais importante saber primeiro? E depois o que é preciso esclarecer ? Essa priorização deve dar uma direção lógica à investigação dos estudantes. Tudo isso pode ser feito em grupos que são chamados a defender suas perguntas, para que estas entrem na lista de prioridades da classe. 

Estas são estratégias típicas de aprendizagem por projetos que podem ser utilizadas em diversas situações, como uma pequena pesquisa, leitura de um ou mais textos complexos, para abordar sala de aula invertida, etc, até se tornar um hábito internalizado.

Perguntas guiadas por (boas) anotações

Todos nós já tivemos a experiência de sair de uma situação com “mais perguntas do que entramos”. Isso provavelmente significa que a experiência mexeu com nossas estruturas mentais e nos fez pensar em novos questionamentos sobre aspectos que não havíamos pensado antes. O mesmo acontece quando temos o cuidado de “organizar” anotações ao longo de um processo de pesquisa, investigação ou resolução de um problema. Ao organizar no papel as informações que encontramos, nos deparamos com novas perguntas e constatamos lacunas na investigação. É assim que aprofundamos a nossa aprendizagem.

Existem várias formas produtivas de organizar anotações. Mas perceba que “anotar” não é apenas “copiar”, mas sim entender a informação e verificar como esta nova informação se encaixa no todo. Esse é um processo cognitivo que precisa ser feito pelo próprio indivíduo e não por uma inteligência artificial. A ciência cognitiva nos mostra que a aprendizagem duradoura envolve manipulação ativa das informações na memória de trabalho, e a organização das anotações envolve este tipo de manipulação. 

PENSAMENTO HEXAGONAL: A beleza de um hexágono é possuir seis lados que podem se conectar a outros hexágonos assumindo diferentes formas. Nesta estratégia, escrevemos uma pergunta diferente em cada hexágono recortado em papel. Depois, organizamos os hexágonos encostando um no outro quando as perguntas forem relacionadas. Assim, cada hexágono com uma pergunta pode ter até seis outros hexágonos colocados em cada um dos seus lados, com perguntas que se complementam ou com perguntas que focam em mais detalhes, por exemplo. Esta estratégia ajuda a agrupar perguntas de uma forma flexível, reorganizando cada vez que uma nova pergunta é adicionada. Na parte de trás de cada hexágono, é possível escrever algumas informações que ajudam a responder a pergunta na sua face frontal.

ANOTAÇÕES VISUAIS: Quem já viu alguém fazendo anotações visuais “ao vivo” de uma palestra? As anotações visuais incluem palavras chave que ilustram ideias e informações, junto com pequenos símbolos que ilustram cada palavra chave. Não é preciso ser especialista nem desenhista para fazer anotações visuais. Basta um pouco de prática e criatividade. Algumas linhas podem representar uma pessoa e algumas linhas podem representar uma casa. Essa é uma estratégia que se aproxima dos rabiscos de criança, apenas para organizar ideia em um papel e utilizar alguns desenhos simples para visualizar estas ideias. Setas, linhas pontilhadas, organização no espaço, tamanhos diferentes, e até aplicativos no computador podem ser utilizados para criara notações visuais. A visualização ajuda o cérebro a entender as informações, perceber conexões e lacunas, tornando mas fácil fazer novas perguntas.

MAPA MENTAL: Se você ainda não conhece os mapas mentais, eles são uma forma de conectar ideias de uma forma mais ou menos “hierárquica”. Ideias são escritas na forma de palavras chave em pequenos círculos ou círculos associados a imagens que ilustram a ideia. Depois as ideias relacionadas são conectadas através de linhas ou flechas e agrupadas. Também é possível escrever algumas palavras simples nas flechas para indicar qual é o tipo de conexão entre as ideias. Veja que existe uma certa semelhança entre pensamento hexagonal, anotações visuais e mapas mentais. A diferença é que mapas mentais podem ser mais facilmente criados em aplicativos online e organizam as ideias de forma mais hierárquica. Este tipo de organização também induz a novas perguntas, porque facilita a visualização do conhecimento adquirido.

Quanto melhor for a visualização do conhecimento, mais fácil é perceber o que ainda precisamos pesquisar e aprender. As perguntas são um guia para o cérebro dar sentido às novas informações, com relação a tudo o que já sabemos. Por isso também vale incluir o conhecimento prévio nestas visualizações e analisar novas conexões. A aprendizagem envolve uma constante reestruturação de nossos modelos mentais.

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