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OLÁ! EU SOU A SILVANA

Consultoria, Mentoria e Capacitação de Professores

Trago uma experiência de mais de 20 anos formando professores para melhoria da aprendizagem através de metodologias ativas com base em pesquisas. 

PhD e Mestre em Educação pelo King’s College, Universidade de Londres, trabalhei com integração de tecnologia no ensino e coaching de ensino-aprendizagem.

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3 Estratégias para ENSINAR estudantes a LER e COMPREENDER textos

A pausa para fazer uma leitura atenta ainda é uma habilidade fundamental para a aprendizagem, e ainda mais na era da inteligência artificial. Podemos até expandir a ideia de “leitura atenta” para um vídeo ou audio, mas vamos ficar no texto. Mas o princípio é o mesmo. Para aprender precisamos entender o que outras pessoas aprenderam, compartilharam, analisaram, avaliaram. E para isso é preciso algum tipo de atenção, para não acabar com uma interpretação totalmente equivocada do texto (vídeo, audio, discurso, etc). 

Tenho visto professores frustrados com estudantes que não leem o que foi proposto em uma sala de aual invertida, ou têm dificuldade com textos mais complexos, e por aí vai. De fato um fator que deve contribuir para essa dificuldade com a leitura é o próprio mundo fast-food das mídias digitais. Mas o que realmente importa é o que podemos fazer a respeito, e a nossa função de educadores de “educar” para o desenvolvimento de um cérebro pensante. 

Nesta newsletter eu trago 3 estratégias para estimular a leitura e a compreensão, que podem ser utilizadas de forma complementar em diferentes momentos. 

QUEBRA-CABEÇA:  Leitura Colaborativa

A estratégia “JIGSAW” (QUEBRA-CABEÇA) de leitura colaborativa foi indicado na pesquisa de John Hattie como um dos maiores impactos na aprendizagem, e portanto bastante indicado para fortalecer a leitura e compreensão (ver “Hattie Ranking). No lugar de esperar que a leitura seja feita fora da sala de aula e/ou de forma isolada, o (a) professor(a) organiza uma leitura colaborativa onde a participação é necessária. Esta abordagem oferece um “encorajamento” para a leitura dentro de uma situação mais controlada e com maior apoio de colegas no processo de compreensão. 

O QUEBRA-CABEÇA funciona exatamente como o jogo: cada estudante lê uma parte do texto ou pequenos textos independentes e colabora com a compreensão e aprendizagem de todos. A sala de aula (presencial ou online) é dividida em grupos de estudo. Cada membro de um grupo recebe um número (ou nome) e fica designado(a) para ler um trecho específico de um texto. Se os grupos tiverem 5 membros cada um, então o texto será dividido em cinco partes e cada membro será responsável pela leitura de uma das partes. A leitura é feita em sala de aula, com o tempo suficiente para ler, sublinhar e fazer alguma anotação. 

Depois da leitura no grupo de estudos, a sala de aula é dividida em novos grupos: os estudantes que receberam o número 1 se juntam aos outros estudantes de número 1. Cada um destes novos grupos se torna um “grupo especialista”, porque agora é composto apenas pelos estudantes que leram o mesmo trecho do texto. Cada membro do grupo especialista compartilha com o grupo o que entendeu da leitura daquele trecho do texto. Cada estudante pode ter um tempo para compartilhar, dependendo do tamanho e da complexidade do texto. Dessa forma todos os estudantes do grupo especialista falam e ouvem a compreensão de seus colegas. É possível incluir alguns minutos para esclarecer dúvidas e interpretação dos colegas. 

Terminado o trabalho do grupo especialista, cada estudante volta para o seu grupo “quebra-cabeça” original. Neste momento, cada estudante “especialista”será responsável por “ensinar” o grupo sobre o seu trecho de texto, que pode ser um subtópico ou um aspecto de um assunto. Cada estudante do grupo ensina o seu subtópico, enquanto os outros estudantes tomam notas e depois têm alguns minutos para fazer perguntas. Esse processo é feito até que todos os estudantes especialista tenham ensinado a sua parte e respondido as perguntas.

Essa é um estratégia poderosa porque exige um processamento da leitura para compartilhar com os colegas, e exige uma escuta ativa para fazer anotações e perguntas sobre os textos lidos pelos colegas. O(a) professor(a) tem o papel de organizar o tempo e a rotação dos estudantes, além de caminhar pelos grupos e observar o processo. 

Al final deste processo de aprendizagem colaborativa, todos os estudantes devem fazer uma atividade de avaliação formativa sobre todo o conteúdo, a fim de verificar sua compreensão. Esta avaliação formativa pode ser um teste, a produção de um texto, e até um pequeno projeto. O importante é avaliar todo o conteúdo ao longo do tempo. 

Provavelmente os estudantes precisarão de alguma prática para este tipo de aprendizagem, e assim a observação do(a) professor(a) deve servir para fazer sugestões e ajustes para melhora o processo. 

PALAVRA, FRASE, TRECHO: Rotina de Pensamento

O Project Zero de Harvard tem uma rotina de pensamento chamada “Palavra, Frase, Trecho”  que ajuda os estudantes a extrair sentido de um texto, capturando sua essência. Esta é uma “rotina” de pensamento porque deve se tornar isso mesmo, uma estratégia repetida diversas vezes até ser internalizada como uma forma de extrair a essência de um texto fazendo pensar “porque” alguma palavra, frase ou trecho foi significativo. Esse processo força a reflexão a partir da leitura, que pode e deve incluir conexões com o conhecimento prévio do estudante – seja qual for. 

O texto pode ser lido em sala de aula se não for muito longo, ou pode ser lido fora da sala de aula já trazendo marcado o seguinte:

Uma PALAVRA que chamou sua atenção como significativa.

Uma FRASE que provocou sua reflexão.

Um TRECHO que foi significativo para você, que parece capturar a idéia central do texto.

Note que a palavra, frase e trecho sublinhados precisam ser significativos para o estudante leitor, porque não existem palavras, frases e trechos certos ou errados. Depois disso, os estudantes são colocados em grupo onde cada um compartilha a sua palavra e explica porque foi significativa. O(a) professor(a) deve organizar o tempo para que cada estudante possa falar e os outros estudantes possam comentar. Em seguida, cada estudante compartilha e explica a frase e na rodada final cada estudante compartilha e explica o trecho. Tudo isso acontece para que ao final, o grupo anote:

– Quais temas emergiram?

– Que implicações ou previsões podem ser feitas?

– Houve algum aspecto do texto que não foi capturado?

A discussão final respondendo a todas estas perguntas é o centro desta rotina do pensamento, porque representa uma aprendizagem efetivamente colaborativa. Esta é portanto uma forma ativa e efetiva de engajar os alunos em leitura e promover compreensão do texto. É importante notar que este tipo de rotina precisa de prática, principalmente na cultura brasileira que não tem o costume de utilizar este tipo de protocolo, que pode parecer um pouco artificial no começo, mas que tem excelentes resultados porque força a participação e o pensamento. Aqui vale a criatividade para garantir a participação de todos como por exemplo utilizar um cartão “de fala” que é passado para cada estudante que anota no verso a sua participação, como em um passaporte. 

LEITURA ATENTA – Close Reading

Leitura atenta de textos é algo que se ensina e se aprende. Nossa tendência é achar que vamos pedir aos estudantes para ler um texto mais ou menos complexos e eles(as) vão ler alegremente com boa vontade e entender. Mesmo para estudantes universitários, a leitura de textos mais complexos (ou até nem tanto) pode ser um desafio para a atenção e para a compreensão. E como já mencionei, o mundo digital e das mídias sociais colocou todos nós no ritmo “fast-food”, com pouca paciência e pouco interesse para textos mais longos e/ou aprofundados. 

Mas o que não costumamos fazer é “ensinar” a leitura atenta, mostrando como nós mesmos lemos e interpretamos um texto de nossa área de estudos. Ou pelo menos tornando mais explícito o nosso próprio processo de aprender. Mas o que isso quer dizer exatamente? Existem algumas mini-estratégias dentro do que se chama de “close reading”- leitura atenta – que ajudam muito a estabelecer interesse, engajamento e compreensão na leitura de um texto. E uma destas mini-estratégias envolve sermos “modelo de leitor(a)” para os estudantes. Vamos ver cada uma das mini-estratégias dentro desta abordagem:

ESTABELECER PROPÓSITO: Antes de uma leitura é importante estabelecer o propósito para estimular o interesse e organizar o foco da leitura e a compreensão dos estudante. Precisamos discutir todas ou algumas das seguintes perguntas com os estudantes:

  • O que vocês irão aprender com esta leitura? (Ex: Iremos ler sobre como a água tem uma propriedade especial chamada tensão superficial …)
  • O que vocês irão FAZER com esta leitura? (EX: Vocês irão trabalhar em grupo para fazer um dos experimentos do livro utilizando o conceito que aprenderam no texto…)

PENSAR ALTO durante uma leitura: Como “modelo” de leitor(a)”, precisamos fazer a leitura de um pequeno trecho do texto (ou de outro equivalente), “pensando alto” sobre questões que normalmente pensamos de forma implícita e até inconsciente, para mostrar aos estudantes que o processo de leitura e compreensão não é linear ou simples:

  • O que é desafiador? Ao pensar alto durante uma leitura, podemos apontar partes em que o texto tem muita informação e precisamos ler novamente, sublinhar, procurar palavras ou conceitos desconhecidos. Mas tudo com um ar de “storytelling”, ou seja, abordando o texto com curiosidade “em voz alta”, demostrando como o interesse e a surpresa se desenvolvem na leitura.
  • Que estratégias estou usando? Ao fazer uma demonstração de leitura e compreensão em voz alta, “nomear” as estratégias utilizadas como : procura de vocabulário, formas de “desempacotar” frases complexas, perguntas feitas ao texto, persistência (releitura), etc.
  • Como eu anoto? Ao ler o texto em voz alta, fazer anotações demonstrando como identificar palavras chave que são sublinhadas e comentadas, como certos detalhes são anotados em resposta a certas perguntas que fazemos ao texto, como fazemos um pequeno resumo de partes do texto, etc. 

AGORA É A SUA VEZ: Depois de demonstrar, pedir aos estudantes para ler uma primeira vez todo o texto sem parar. Depois pedir para lerem e fazer anotações, inspirando-se no nosso modelo de leitura. E na terceira vez pedir aos estudantes para fazerem uma releitura final sem parar. 

OBSERVAR e PROMOVER DISCUSSÃO: Os estudantes precisam praticar a leitura atenta, e o(a) professor(a) precisa estar atento(a) circulando pela sala de aula (presencial ou online), e fazendo perguntas aos estudantes, esclarecendo dúvidas e checando anotações. Depois da leitura é importante promover discussões e checar a compreensão. 

A leitura e compreensão de textos mais longos e mais aprofundados é uma prática que se desenvolve com o tempo. Como educadores não podemos desistir de nosso estudantes, não importa a idade, e precisamos sim incentivar essa pausa para de fato destrinchar um texto com prazer e curiosidade. 

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