Minha filosofia...

eu acredito em aprendizagem de verdade

Eu decidi trabalhar com ensino-aprendizagem quando estudava engenharia. Eu achava absurdas as aulas totalmente teóricas, que não tinham relação com a realidade e eu não conseguia enxergar a aplicação prática daquilo tudo. Desde então comecei a pensar que o ensino deveria ser diferente, para que os estudantes pudessem aprender de verdade, entendendo a teoria e conseguindo aplicar o conhecimento na prática, ampliando possibilidades para a sua vida real e o seu futuro.

Foi por isso que decidi entrar na área de educação e me dedicar à causa de uma aprendizagem “de verdade”. Depois de estudar Pedagogia na USP, fiz mestrado e doutorado em educação, indo depois trabalhar por mais de 20 anos com formação de professores em uma escola americana em São Paulo.

Neste meu percurso, entendi o significado teórico e prático de uma aprendizagem “de verdade” e o que é preciso para chegar lá. Entendi que uma aprendizagem “de verdade” precisa ser apropriada pelo estudante, fazendo conexões que trazem significado. Entendi que para isso, o planejamento intencional e focado é uma ferramenta fundamental para o impacto do(a) professor(a) no processo de aprender “de verdade”. E mais do que isso, entendi que para uma aprendizagem “de verdade”, é preciso um ensino aprofundado, cheio de significado tanto para o(a) professor(a) quanto para o estudante.

eu acredito na aprendizagem com foco

Quando pequena, eu fazia uma brincadeira no papel rabiscando a folha para depois pintar espaços criados pelos rabiscos se cruzando. Isso criava uma forma abstrata, e eu adorava ver o resultado. Mas o que isso tem a ver com foco no ensino? Bem, eu sempre fui uma pessoa detalhista, e talvez isso me levasse a querer ensinar muitos detalhes de muitos conteúdos. Mas eu acho que essa brincadeira de criança já mostrava que eu queria na verdade dar sentido à bagunça, encontrando o foco das coisas…

Então ao longo do meu processo de estudar e trabalhar em educação, eu entendi como um FOCO estratégico no ensino pode favorecer uma aprendizagem de fato eficaz. Passei a compreender que o excesso de conteúdo afeta negativamente a aprendizagem, porque na verdade afeta o FOCO do ensino. E quando o ensino sofre com falta de FOCO, o cérebro dos estudantes se confunde na hora de fazer conexões e dar significado ao que foi transmitido.

Para aprender de forma duradoura, o cérebro precisa de um “guia” para orientar a organização dos conteúdos em uma estrutura que faça sentido. Um exemplo disso é um experimento feito com mestres jogadores de xadrez. Um mestre enxadrista é capaz de memorizar as posições das peças em um tabuleiro, enquanto o leigo não consegue. Isso acontece porque o mestre já sabe como as peças podem se organizar em diversos tipos de jogadas. Esse conhecimento serve de “guia” para a organização na memória.

Por isso o meu trabalho sobre aprendizagem duradoura começa explicando o que é uma IDEIA ESSENCIAL e como esta ideia serve de “guia” para orientar a escolha de conteúdos que façam sentido para os estudantes.

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Sou apaixonada pela ideia de que uma aprendizagem “de verdade” abre a cabeça para “enxergar” soluções produtivas para os desafios do indivíduo e da comunidade, em um mundo cada vez mais complexo. Quando digo aprendizagem “de verdade” quero dizer aprendizagem aprofundada, significativa, bem-sucedida e duradoura. Porque falo sobre a “abrir a cabeça”? Porque nas situações em que a aprendizagem é superficial, apressada, decorada, incompreendida, e não aplicada, o estudante não se transforma e não consegue dar conta de entender e agir no mundo. Precisamos de muitas pessoas capazes de entender o mundo de forma “equilibrada”, racional, empática, e com capacidade cognitiva suficiente para agir em situações complexas.

Mas para chegar na aprendizagem “de verdade” precisamos de tempo suficiente para aprofundar o ensino, utilizando como foco a perspectiva única do(a) educador(a), com sua bagagem de experiências e sua trajetória de conhecimento.

Wiggings & McThighe, autores do livro “Understanding by Design”, explicam em detalhes o que significa “compreender de verdade”, indicando que o olhar diferenciado do(a) educador(a) é um dos elementos fundamentais para desenvolver uma compreensão aprofundada e duradoura. Isso porque “compreender” significa fazer inferências depois de muito estudo e de muita experiência, e o(a) educador(a) está nesta posição de facilitar a aprendizagem através do seu olhar diferenciado. E isso é diferente de ensinar conteúdos sequencias e de forma padronizada.

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Eu não gosto de vendedor(a) atrás de mim em loja. Eu gosto de poder perguntar e o(a) vendedor(a) estar disponível para ajudar conforme eu tenha necessidade. A mesma coisa acontece na academia. Eu gosto de poder perguntar sobre um tipo de exercício de cada vez, ter tempo de praticar, pedir ajuda, para depois fazer novas perguntas. Essa é uma autonomia que eu aprecio, mas será que isso é bom para a aprendizagem em geral?

Ao longo da minha trajetória na educação, aprendi muito sobre o que significa a autonomia do estudante, qual o impacto desta autonomia e como desenvolvê-la. Autonomia não é sair fazendo escolhas de qualquer jeito. Autonomia é fazer escolhas com compreensão dos objetivos e com a competência para atingi-los. Por isso, a autonomia na aprendizagem precisa ser desenvolvida passo a passo, com o apoio de professores ou mentores.

Grandes teóricos da aprendizagem assim como inúmeras pesquisas educacionais apontam para a importância da autonomia e autorregulação como a melhor forma de aprender. Isso porque somente o cérebro do indivíduo pode fazer as conexões necessárias para dar sentido ao que foi transmitido. Mas para que isso aconteça, nós educadores precisamos ter clareza sobre qual é o resultado final de aprendizagem. E a partir dessa clareza de objetivos, oferecer critérios claros do que significa ter sucesso, além de exemplos de sucesso e feedback.

Por isso que eu aprecio tanto a ajuda que tenho na academia. Eu preciso desta ajuda ao longo de todo o caminho, o que não diminui a minha autonomia para executar os exercícios no meu ritmo. Quando o estudante entende e consegue ter autonomia, a aprendizagem fica mais autêntica, eficaz e duradoura.

eu acredito e, ensino de alto impacto baseado em pesquisas

Em todas as coisas eu tenho um desejo teimoso de fazer algo para melhorar o que precisa e pode ser melhorado. “Melhorar” é uma palavra chave na minha vida: não “maquiar”, não “fazer só isso”, não me “conformar”. Na educação não é diferente: se eu posso fazer algo para “de fato” melhorar a aprendizagem, dou toda a minha energia para isso. E melhorar a aprendizagem para mim não é apenas melhorar os resultados de avaliação: é melhorar a própria avaliação para gerar melhores evidências, é melhorar a profundidade e significado da aprendizagem, é melhorar o aprendiz como pessoa, é melhorar a relação do aprendiz com a vida.

Juntando essa minha tendência para buscar “melhorias” e a minha experiência acadêmica no doutorado, já viu no que deu .Se eu puder basear meu trabalho em pesquisas educacionais e melhores práticas demonstradas com evidências, então esse é meu caminho. Se eu posso trabalhar com estratégias que têm grande impacto no ensino-aprendizagem, vou começar por aí.

Além disso, nos mais de 20 anos que trabalhei na escola americana – Graded, aprendi como o mundo educacional internacional está muito mais focado em embasar suas iniciativas em dados e pesquisas educacionais. Se os grandes pensadores da educação como Dewey, Ausubel e Piaget ainda são relevantes, seus ensinamentos hoje são amplificados por pesquisas e agora as estratégias são detalhadas e práticas.

Por isso eu comecei todo o meu trabalho falando sobre CLAREZA DO PROFESSOR e sobre IDEIA ESSENCIAL como base para um planejamento didático estratégico e eficaz. Se começarmos o ensino por estes princípios, as estratégias (e tecnologia) se encaixam com mais facilidade e eficácia.

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