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OLÁ! EU SOU A SILVANA

Consultoria, Mentoria e Capacitação de Professores

Trago uma experiência de mais de 20 anos formando professores para melhoria da aprendizagem através de metodologias ativas com base em pesquisas. 

PhD e Mestre em Educação pelo King’s College, Universidade de Londres, trabalhei com integração de tecnologia no ensino e coaching de ensino-aprendizagem.

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Quando vale a pena planejar um curso com foco no resultado?

Mas afinal, não planejamos sempre com foco em um bom resultado de aprendizagem? É claro que sempre queremos um bom resultado, mas na verdade não costumamos planejar a partir da aprendizagem que desejamos. Pesquisas educacionais e boas práticas apontam que um planejamento com foco no resultado gera uma aprendizagem mais eficaz. Mas então o que diferencia o planejamento com foco no resultado de um planejamento “tradicional”? Existem duas diferenças fundamentais:  o foco em habilidades versus o foco no conteúdo, e começar pelo resultado versus começar pelas atividades.

Existem muitas dúvidas sobre como fazer um planejamento de curso e esta costuma ser uma das primeiras perguntas que eu recebo. As perguntas normalmente giram em torno de uma incerteza sobre estar planejando “da melhor forma” ou da “forma correta”. Essa dúvida pode ser traduzida da seguinte maneira: “como planejar aulas e cursos de forma a produzir uma aprendizagem mais bem-sucedida?”.  Minha resposta a essa pergunta depende do objetivo do curso e do contexto do(a) educador(a).

Para cursos livres e muitos cursos baseados em longas ementas, o planejamento baseado em conteúdos é mais fácil porque reproduzimos o nosso conhecimento adquirido de forma sequencial. Essa abordagem tradicional pode valer a pena em cursos livres que oferecem conhecimento básico de referência, e para cursos em instituições que de alguma forma cobram cobertura de conteúdo ( apesar que a “exigência” de conteúdo em avaliações é uma miragem).

Mas e quando queremos que os estudantes desenvolvam alguma habilidade que é essencial na área de estudo? Ou será que temos consciência da importância de desenvolver uma habilidade essencial? Cursos formais baseados em habilidades e competências como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já começaram a responder esta última pergunta. Mas ainda não saíram do planejamento tradicional. 

Vamos desatar um pouco este nó…

HABILIDADE ESSENCIAL

Um exemplo bastante simples para explicar a ideia de habilidade essencial que orienta o planejamento com foco no resultado é a aprendizagem de digitação (no passado chamada de “datilografia”). O foco tradicional do ensino de digitação é a habilidade de utilizar os dedos corretos, com velocidade e sem erros. Este é um foco perfeitamente apropriado para um curso básico. Mas se eu sou uma criadora de cursos e já desenvolvi o meu curso básico de digitação, qual é uma habilidade essencial que pode estar faltando para quem precisa digitar com rapidez e eficiência? Se parte dos estudantes que fazem o curso básico utilizam a digitação para tomar notas em aulas, eventos e reuniões, eu diria que uma habilidade essencial é a capacidade de ouvir, processar e resumir através de anotações digitadas. Esta seria uma habilidade essencial que utiliza a habilidade básica da digitação para alcançar um resultado com maior valor para quem aprende. 

O que eu chamo de habilidade essencial é a capacidade de SABER FAZER algo com um conteúdo. E este “saber fazer” pode envolver diferentes níveis de desafio e quanto maior o nível de desafio cognitivo, maior o ganho de aprendizagem. No exemplo da digitação, o conteúdo é o que o estudante ouve e reproduz na digitação, além do seu conhecimento da técnica. Saber reproduzir palavra por palavra aquilo que ouvimos em texto digitado envolve um nível de desafio menor do que resumir o que se ouve através de anotações digitadas.

Portanto sempre precisamos pensar no resultado que desejamos e tornar este resultado o ponto inicial do nosso planejamento, além de comunicar o resultado almejado de forma explícita para os estudantes. Costumamos “supor” que os estudantes irão adquirir a habilidade essencial naturalmente, o que muitas vezes não acontece porque habilidades precisam ser ensinadas e praticadas. Costumamos “esperar” que os estudantes transfiram a aprendizagem para outros contextos, mas esta transferência precisa ser ensinada e praticada. Assim nos mostra a ciência cognitiva, que indica como nossa aprendizagem acontece em pequenos silos, em contextos muito específicos, e só com prática e conexões explícitas conseguimos ampliar e aprofundar a nossa aprendizagem. 

Não tenham receio de ensinar de forma EXPLÍCITA o que pode estar IMPLÍCITO nos seus objetivos.

O QUE É ESSENCIAL EM HABILIDADES, COMPETÊNCIAS E EMENTAS

Identificar uma habilidade essencial é o ponto inicial de um planejamento para uma aprendizagem bem-sucedida. Isto porque a habilidade essencial torna explícito o nosso objetivo “desejado”. Esta abordagem é valida mesmo no caso de educadores(as) que seguem diretrizes curriculares como a BNCC e ementas de cursos universitários. Existe um movimento muito grande nos EUA chamado “priority standards” que vem discutindo formas de priorizar conteúdo e habilidades descritas nas diretrizes curriculares. Isso porque não é possível cobrir “todas” as habilidades com profundidade suficiente para produzir aprendizagem aprofundada, significativa e eficaz.

Priorizar habilidades ou conteúdo de uma ementa significa pensar no que é essencial, da mesma forma como foi descrito no exemplo da digitação. A priorização oferece um foco manejável de ensino-aprendizagem e permite o planejamento reverso que começa pelo resultado que queremos atingir. Vamos ver um exemplo baseado em uma habilidade da BNCC. 

Para quem trabalha com ementas a ideia é similar. Para chegar a uma habilidade essencial é necessário se perguntar o que o estudante precisa saber fazer com o conteúdo ao sair do curso – e não esperar que o estudante adquira a habilidade depois. Selecionar palavras chave na ementa ajuda muito neste processo, da mesma forma que foram selecionadas (sublinhadas) palavras chave na habilidade do exemplo acima. O segredo aqui é utilizar a habilidade essencial como foco para o planejamento.

PLANEJAMENTO REVERSO

A pergunta sobre quando vale a pena planejar um curso com foco no resultado também envolve uma autoconsciência do(a) educador(a. Planejamento reverso é algo que se aprende e se pratica ao longo do tempo, portanto é importante saber por onde começar. 

Se eu sou criadora de cursos livres, vou pensar qual é uma habilidade essencial que falta desenvolver no mercado e trabalhar um curso em cima desta habilidade. Se eu trabalho no ensino básico e estou tentando implementar a BNCC, vou escolher uma unidade de estudos para começar e selecionar uma habilidade essencial em meio ao que é proposto. Se eu eu trabalho no ensino universitário e me sinto perdida em um mar de conteúdo, vou escolher um curso e dentro deste curso vou escolher uma habilidade essencial presente na ementa como prioridade para o meu planejamento (o restante do conteúdo vou ensinar como “auxiliar”, ou seja, como contexto para a minha habilidade essencial).

O planejamento reverso começa portanto com uma clareza sobre o que é uma habilidade essencial que o estudante precisa desenvolver e adquirir ao término do curso ou unidade de estudo. A partir desta habilidade pensamos o que o estudante precisa “aprender” para desenvolver a habilidade essencial (ou objetivo de aprendizagem). 

No planejamento tradicional pensamos na sequência de conteúdos e no que os estudantes precisam fazer no projeto ou avaliação final. Um exemplo do que os estudantes precisam “fazer” ao final de um curso pode ser escrever um texto argumentativo, com uma tese inicial e e uma conclusão.

Existe uma diferença fundamental entre pensar sobre o que os estudantes precisam APRENDER e o que os estudantes precisam FAZER.

Mas no planejamento reverso, estamos focando em uma habilidade essencial e no que os estudantes precisam “aprender” para conseguir escrever este texto argumentativo. Vamos ver no exemplo abaixo uma lista do que os estudantes precisam “aprender” para desenvolver a habilidade essencial. Este tipo de lista se transforma na base do planejamento reverso:

HABILIDADE ESSENCIAL: Opinar sobre o assunto X com base em evidências e raciocínio lógico.

O QUE OS ESTUDANTES PRECISAM “APRENDER” para chegar lá:

  • – O estudante precisa aprender a identificar uma hipótese para fundamentar sua tese, 
  • – O estudante precisa aprender a testar sua hipótese utilizando evidências,
  • – O estudante precisa aprender a desenvolver sua tese em um texto argumentativo,
  • – O estudante precisa aprender a examinar os seus argumentos para defender sua tese na conclusão do texto.

Cada uma destas aprendizagens irá ajudar o estudante a escrever um texto argumentativo com base na habilidade essencial que queremos e compartilhamos com este estudante no início do curso. Ao determinar o que o estudante precisa aprender, estamos definindo a sequência didática. Sé então partimos para o planejamento das atividades e por fim das aulas necessárias para ajudar o processo de aprendizagem.

Contrário ao hábito comum na educação, o planejamento das aulas e atividades deve acontecer apenas no final, depois de mapearmos o processo de aprendizagem até a habilidade essencial que desejamos.

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